José Mateus De Lima
Biografia
Era filho de um comerciante rico e mudou-se para maceió em 1902, com a mãe e os irmãos. Em 1909foi morar em salvador onde iniciou os estudos de medicina. Concluiu o curso no Rio de Janeiro em 1914 mas foi como poeta que projetou seu nome. Neste mesmo ano publicou o primeiro livro, XIV Alexandrinos.
Voltou para Maceió em 1915 onde se dedicou à medicina, além da literatura e da politica Quando se mudou de Alagoas para o Rio em 1930 montou um consultório na cinelândia transformado também em ateliê de pintura e ponto de encontro de intelectuais. Reunia-se lá gente como Murilo Mendes Graciliano Ramos e José Lins do Rigo. Nesse período publicou aproximadamente dez livros, sendo cinco de poesia. Também exerceu o cargo de deputado estadual, de 1918 a 1922 Com a Revolução de 1930 foi levado a radicar-se definitivamente no Rio de Janeiro.
Em 1939 passou a dedicar-se também às artes plásticas, participando de algumas exposições. Em 1952 publicou seu livro mais importante, o épico Invenção de Orfeu. Em 1953, meses antes de morrer, gravou poemas para o Arquivo da Palavra Falada da Biblioteca do Congresso de Washington, nos Estados Unidos da América.
Essa negra fulô Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Fulô! ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) - vai forrar a minha cama, pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar, a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô! Essa negrinha Fulô ficou logo pra mucama, pra vigiar a Sinhá pra engomar pro Sinhô! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Fulô! ó Fulô! (era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rêde, vem me contar uma história, que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô! "Era um dia uma princesa que vivia num castelo que possuia um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato saiu na perna dum pinto o Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco." Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Fulô? ó Fulô? Vai botar para dormir êsses meninos, Fulô! "Minha mãe me penteou minha madrasta me enterrou pelos figos da figueira que o sabiá beliscou." Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Fulô? ó Fulô? (Era a fala da Sinhá chamando a negra Fulô.) Cadê meu frasco de cheiro que teu Sinhô me mandou? - Ah! foi você que roubou! Ah! foi você que roubou! O sinhô foi ver a negra levar couro do feitor. A negra tirou a roupa. O Sinhô disse: Fulô! (A vista se escureceu que nem a negra Fulô.) Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Fulô? ó Fulô? Cadê meu lenço de rendas cadê meu cinto, meu broche, cadê meu terço de ouro que teu Sinhô me mandou? Ah! foi você que roubou. Ah! foi você que roubou. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Sinhô foi açoitar sozinho a negra Fulô. A negra tirou a saia e tirou o cabeção, de dentro dêle pulou nuinha a negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Fulô? ó Fulô? Cadê, cadê teu Sinhô que nosso Senhor me mandou? Ah! foi você que roubou, foi você, negra Fulô? Essa negra Fulô! |
Comentário
NEGRA FULÔ é uma das obras de José de lima que conta a historia de uma menina que chamava-se negra fulo ela era uma criada que dava conta de tudo na casa onde vivia na mais bela paz,ate que um dia ela foi acusada de roubar alguns pertences de sua sinhá que mandou o feito da uma bela piza.